terça-feira, 4 de agosto de 2009

descoberta

Puxe, está frio. Mas, está no chão. Deixe que eu levante. Obrigada. Ai, desculpe, machucou? Não, você pisou na almofada. Que bom. Posso puxar o travesseiro? Claro. E agora, ficou quentinho? Com você do lado, sim. Ai, que pé gelado! Posso esquentar em você? Tudo bem. (Silêncio). Queria conversar. Hum. Você já está dormindo? Não totalmente. Então posso falar? Ahan. É sobre eu ter sido incisiva quando conversamos no almoço, me desculpe. Sinto muito, também me armei. Queria demonstrar que sabia, e acabei te mostrando que não sei mostrar como sei. A gente ainda vai passar muito por isso. Mas pode ser diferente. Não se preocupe, o próximo claramente será. Me sinto melhor agora. Eu também, obrigada por se importar. Obrigada, por não se importar. Ta, boa noite. Boa noite. Ah, mais uma coisa. Que? Escrevi o contrato hoje a tarde, depois do nosso almoço de descoberta. Aquele sobre acordos e quereres? É. Me lembro. Quando você acordar, leia. Mas onde está? Na mesa do lado da janela, no canto onde bate a primeira luz do sol que toma a sala. Sei. Se você concordar, na gaveta da escrivaninha tem uma caneta verde. Não preciso ler. Leia. Sim, será a primeira coisa. E pra comer, no forninho tem aquelas tortinhas que não lembro o nome, que nós comemos há algumas semanas. Hum, aquelas. É. Durma bem. Você também.