quarta-feira, 31 de outubro de 2007

"...Enxertar mão em mão é até agora,
nossa única forma de atadura
e projetar nos olhos as figuras,
a nossa única propagação..."
John Dohne

terça-feira, 30 de outubro de 2007

distância

distante do seu ser
distante do que ainda realmente é você
distante do seu habitat

perto do seu pensar
perto do seu gostar
perto do querer atar

quero a sua loucura
quero a sua falta de parafusos
quero a sua sobrancelha sempre tão despenteada

... enquanto você me levar no cangote, presa pela perna e o braço... irei sempre atrás pegando todos os papeizinhos que você joga no chão...

"... difícil seria não me encantar."

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

entre chuvas, ovelhas e tigres.

De longe o aceno,
explosões de desconsertos, conversas e olhares juntos olhando cada pinta, cada manchinha, cada imperfeição.
Íntimos desconhecidos, na ânsia da união sem não saber o que exatamente direcionar.
Ataram-se os pés em nós, quedas e tentativas de melhor posição... quando vimos estávamos ali grudadas.
O cheiro apareceu
a pele tocou
os macios surgiram...
a partir daí já estávamos pisando no macio, tocando o confortável...
fique aqui fique?
venha comigo venha?

- Faça assim, deixe algo pra buscar depois... assim ficarei calma em saber que retornarás...
para mais intermináveis... mimimimimimimimimimimimimimimimimimimimimimimis.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

paura

encarar sonhos
tocar sonhos
distinguir sonhos de realidades
sentir sonhos virando realidades
ter medo de sonhos que virarão realidades
arriscar uma realidade que ainda é sonho
sair da visão do sonho pra visão da realidade
A hora que o verde das suas íris encontrar a diferente tonalidade das minhas, o risco do bem e do mal virá.
Mal seria não tentar
Bem seria se encantar
cheirar, cheirar, olhar, olhar, olhar, olhar, olhar, olhar... até não conseguir mais, e necessitar esconder-se no abraço, enfim sussurrar e entrar: tu em mim, eu em você.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Afinal

"Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos..."
Álvaro de Campos

.seguir.
.sem questionar.
.saudável êxtase, do querer, do tocar.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

.ainda no escuro.

Eu ouço, sinto que tem alguém ali. Me respondeu:
- você está sentindo?
- sim, mas não te vejo.
- mas estou aqui.
- queria saber a frequência que seus olhos piscam.
- faça assim, não se esforce para enxergar... daqui a pouco a luz acende... sei que conseguimos esperar, enquanto o toque mesmo que cego ainda aqui exista.

.e o momento tornou-se querido e manso.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

esperança 2.

Logo pela manhã, abri somente o olho esquerdo e vi tiras de luz refletidas no teto do quarto. Me veio uma alegria de saber que mais um dia viria e que no momento que coloca-se o pé pra fora de casa a qualquer instante algo interessante poderia acontecer. Engoli saliva e senti um amargo horroroso na boca, coisa que venho sentindo a tempos. E logo a alegria sumiu, e coisas tão amargas quanto povoaram a minha cabeça... junto com uma questão: Quando aquele cliché de borboletas na barriga vai me pegar de novo? ... fechei o olho, e achei melhor abstrair o pensamento.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

*aquele mês antes do aniversário.

Queria um dia, quando à beira do caos, conseguir finalizá-lo com coragem, vontade e as próprias mãos. Sei que no instante que aponto o objeto pontiagudo em direção à garganta, minha consciência toda se volta contra mim. É a maldita da esperança, essa porra de palavra que o ser humano insiste em cultivar e manter em existência. Pode-se pensar que aquele chavão famoso se concretize: - Uma hora tudo se resolve! Mas quem? Quem resolve? Já não tenho paciência para auto-resoluções, muito menos esperanças. A espera gera vontade, até uma alegria, mas o tempo tem um fim, claro, cada um de nós com seu próprio limite, mas sim, ele há de aparecer.
Se antes do fim o desejo se concretiza, ficamos pateticamente contentes. O êxito parece ser saudável, mas lá no fundo, no inconsciente escondidinho sabemos que é temporário, e que nossas alegrias são sempre sazonais.
Insisto em pegar o objeto pontiagudo e mirá-lo novamente. Vai que um dia o círculo vicioso esperançoso acaba... aí sim, valerá esperar!

PS: Isso pode parecer ridiculamente covarde, mas a meu ver, ridiculamente funcional.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

deixar

Parece existir um ciclo que se vive até o momento que fechamos os olhos pra nunca mais... na verdade uma fila, isso, com pequenos ciclos. Seres morais que passam em determinadas épocas, fazem de nós cada dia um. Há os que retornam para relembrar, ou pelo simples fato de que ainda faltavam acrescentar algo.
Nossas vivências crescem, a partir do momento de nos darmos conta de que certas ou nem tanto assim, pessoas passam para adicionar e nunca para somente derrotar.
Desatei-me novamente, e sou grata pelas censuras, trocas de olhares, risos, ensinamentos, músicas bregas, conselhos, bebedeiras, conversas fúteis, conversas úteis, perguntas patéticas, silêncios e o primordial, a amizade.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

nada transparecia
não se sabia o que ela queria
o beijo, definitivamente pedia um pacotinho de Sazon
o sexo se resumia a passividades e esperas

é... já fui apaixonada por um legume.

domingo, 7 de outubro de 2007

bacchanale

putaria: é denominada assim quando envolve mais de duas pessoas num caso carnal, sexual, enfim... todas ao mesmo tempo.

a putaria solteira é saudável
a putaria comprometida é imunda
escondida é falsidade
na frente, falta de respeito
se de comum acordo, claro, um bacanal.
Tente não precisar vomitar, é tempo perdido de menos amasso, genital, dedo, língua!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

.intransigência.

Sabe quando dá um bode gigante de desenvolver assuntos? Você está lá de frente com o outro, aí ouve algo totalmente dispensável, e está certo de que uma pequena resposta sua pode causar uma polêmica ou talvez até finalizar uma possível continuação na relação, qualquer que seja ela, com este ser que habita o lugar à sua frente.
A minha opinião sobre os acontecidos e ouvidos, têm me bastado... pelo menos por enquanto. E a expressão predominante no meu dia a dia de assuntos sem futuro têm sido: tá tá tá.

Que sílaba saudável!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Olhei-a no fundo dos olhos e deu uma vontade de dizer 'eu te amo', sem nem mais saber o que significava aquela frase naquele momento, e o que aquele momento significava pra nós. Nada estava como antes... aquela aurora que a rodeava no passado não estava lá conosco, e todo o contexto mostrou-se morno.
- Onde está aquela vontade imensa de sonhar?
- Onde está aquela vontade de continuar olhando?
- Onde está aquela vontade de um segundo durar por toda a eternidade?
Nenhuma resposta chegou, e aquela "coisa" neutra, unida de impaciência tomou conta de mim. Alguns gestos me remetiam a lembranças dela, que hoje não parecem tão boas assim. Queria sumir, virar pozinho e faria tudo para que aquele momento acabasse. Enfim, era hora de partir. A despedida trouxe as lágrimas e uma dor de perda. Confuso pois, era claro que não queríamos nem conseguíamos mais estar juntas. O cheiro do que havia passado ficou, e parecia que era isso que fazia doer: A paixão extinta. É... paixões são saborosíssimas, mas olhar para trás analisando-as dos pés à cabeça, pode ser realmente intragável.