sexta-feira, 20 de março de 2009

de_feitos

Fecho os olhos. Dentro de mim há inúmeras paredes com imagens do que jaz ocorrido, e o sentimento é instantâneo em cada uma delas: melancolia, afago, riso, choro, dor, tesão e muito mais referências sensoriais que me deixariam viciada e eternamente flutuando na sala escura gigantesca de paredes interativas. Posso reviver tudo como telespectadora, levantando pontos negativos e positivos com a finalidade de diminuir angústias ou somente entendê-las, praticando o exercício rotineiro de auto-reflexão e melhora, para aquilo que acredito ser correto.
Alguém passou a mão na minha cabeça, outra mão me abate, outra afaga, agita, e me perco em antíteses num paradoxo entre o bem e o mal.
- Acalme-se, os feitos aparecerão, efeitos lhe ensinarão e defeitos lhe diferenciarão!

segunda-feira, 16 de março de 2009

aba ter

Caminhando na cidade, eu, repleta de pensamentos sobre a vida, acontecimentos, preocupações com o trabalho e logísticas necessários para o bom funcionamento do meu dia fui surpreendida com as palavras de um transeunte que caminhava, em sua vida também, na minha direção. Tudo o que eu havia organizado em minha mente se propagou naquele segundo de difusão súbita em que o outro sentiu-se no direito de dirigir a palavra a mim, palavra cujo a significação nem me faz bem falar. Estou dentro daquela sensação de uma lembrança que pode causar náuseas ou uma revolta estupidamente grande na qual o protagonista da novela se sentindo traído joga o vaso caríssimo no vilão. A conjugação diária do verbo invadir que alguns seres humanos se submetem é revoltante: Eu invado, Tu invades,... Eles invadem, e é aí que o problema se torna maior. O plural torna o viver abalado, e a impossibilidade de fluidez, de ser aquilo que hoje me der vontade de ser: cru... (aquele cru que respeita o próximo e o anterior).
Não queria bancar a ativista, só precisava mesmo organizar a confusão que um segundo na vida foi capaz de causar.

sábado, 14 de março de 2009

ensejo

Foto: Júlio Boaventura

Fazer-se instrumento produtivo,
persuadindo um futuro-vácuo
que repulsa uma conclusão
ou um singelo ponto final (.).

quarta-feira, 4 de março de 2009

reticências

Toque dos meus dedos no seu rosto são pedaços de eternidade, que carrego pra todos os lugares e posso sentir quando quiser lembrar e eriçar pêlos.